• Um conjunto de 20 obras em diferentes linguagens marca a quinta exposição individual de Marepe na Galeria Luisa Strina e... Um conjunto de 20 obras em diferentes linguagens marca a quinta exposição individual de Marepe na Galeria Luisa Strina e... Um conjunto de 20 obras em diferentes linguagens marca a quinta exposição individual de Marepe na Galeria Luisa Strina e... Um conjunto de 20 obras em diferentes linguagens marca a quinta exposição individual de Marepe na Galeria Luisa Strina e... Um conjunto de 20 obras em diferentes linguagens marca a quinta exposição individual de Marepe na Galeria Luisa Strina e... Um conjunto de 20 obras em diferentes linguagens marca a quinta exposição individual de Marepe na Galeria Luisa Strina e... Um conjunto de 20 obras em diferentes linguagens marca a quinta exposição individual de Marepe na Galeria Luisa Strina e...

    Um conjunto de 20 obras em diferentes linguagens marca a quinta exposição individual de Marepe na Galeria Luisa Strina e faz uma elegia à MPB e à possibilidade de festejar num futuro próximo uma realidade transformada.


    Temporariamente fechada em respeito às medidas de contenção à pandemia, a Galeria Luisa Strina apresenta o viewing room online da exposição individual de Marepe, Aglomerado Mergulho, que deveria ter sua conclusão no próximo dia 10 de abril.

    Não é a mesma coisa. Seria melhor nos encontramos no espaço da Galeria nestes últimos dias e percorrer as obras com olhos, pernas, enfim, de corpo inteiro !
     
    Mas, a atual situação exige cuidado e distanciamento. Para aqueles que não puderam nos visitar presencialmente ou que gostariam de voltar, fica aqui o convite para o (nãoencerramento desse projeto. A exposição segue aberta para visitação virtual até o dia 30 de abril.
     
  • A Festa (2017)

    Apesar de ter sido realizada alguns anos atrás, a pintura A Festa (2017), de Marepe, ganhou novos significados após a experiência global com a pandemia de Covid-19: segundo o artista, uma festa que acontece dentro de um apartamento, a que comparecem apenas duas pessoas, que são um casal e, portanto, festejam em família no ambiente confinado de casa, é um retrato do que viria a se tornar a normalidade de uma festa possível. Só pessoas de um mesmo círculo de convivência diária num ambiente isolado e doméstico. “Minha relação com a minha casa se transformou muito durante todos os meses de confinamento. Assim como deve ter ocorrido com muita gente, eu precisei me voltar a afazeres com os quais não tinha preocupação antes, já que não tínhamos mais ajuda em casa. E esse voltar-se para a casa, debruçar-se sobre as minúcias da domesticidade, os mínimos detalhes e cantos do nosso próprio habitat, despertou novos olhares sobre esse entorno. Descobri tanta coisa sobre a minha casa e hoje posso dizer que a conheço melhor do que nunca”, conta Marepe.

  • Marepe, Fruta Gogóia, c. 2017

    Fruta Gogóia (2017)

    Fruta Gogóia, c. 2017

    Fruta Gogóia (2021), uma homenagem a Gal Costa e Waly Salomão que faz referência à música do folclore baiano que Gal tocava na época da Tropicália (e que Waly incluiu no show da cantora sob sua direção, em 1971, Fa-Tal: Gal a Todo Vapor).

    "Eu sou uma fruta gogóia
    Eu sou uma moça
    Eu sou calunga de louça
    Eu sou uma jóia
    Eu sou a chuva que móia
    Que refresca bem
    Eu sou o balanço do trem
    Carreira de tróia
    Eu sou uma tirana bóia
    Eu sou o mar
    Samba que eu ensaiá
    Mestre não olha"
  • Gilberto Gil · Parabolicamará
  • Contatos espaciais (2020)

    Intitulada Contatos Espaciais (2020), a obra representa casulos (ou conchas) com antenas, estas simbolizando o tipo de contato que marcou o cotidiano da maioria das pessoas em 2020, em que a canção Parabolicamará, de Gilberto Gil, foi levada – na vida “real” – às últimas consequências do ponto de vista do que, um dia, significou possuir uma antena parabólica: “Antes mundo era pequeno/ Porque terra era grande/ Hoje mundo é muito grande/ Porque terra é pequena/ Do tamanho da antena…”. Nosso planeta ficou minúsculo, do tamanho de uma concha, hiperconectado via Zoom e viewing rooms.

  • Longo Discurso (2007) Longo Discurso (2007) Longo Discurso (2007) Longo Discurso (2007)

    Longo Discurso (2007)

    Longo Discurso (2007) é uma instalação que Marepe decidiu mostrar agora por causa da relação de sua individual de 2021 com a música popular brasileira: varas de pesca alinhadas e firmadas em pé por fios de nylon presos à parede trazem nas suas pontas os peixes tropicalistas-psicodélicos do artista, discos. Vinte vinis fundidos em alumínio e “pescados” do grande acervo musical brasileiro são o seu tributo à MPB.

  • Sem título (2017)

    Assumidamente abstrato, o grupo de desenhos Sem Título (2017) faz parte das investigações recorrentes de Marepe acerca da tradição da colagem. Desde Braque e Picasso, a arte moderna passou a caminhar na hibridez entre as linguagens tradicionais e a colagem, derivando desta gênese (ao menos na narrativa canônica da arte ocidental) todo um universo de “expansão” do campo da arte. Nesta série de 2017, Marepe mistura colagem, desenho e tinta com liberdade e coerência, imaginando - sobretudo pelo brilho prateado da fita adesiva que escolheu para dar unidade ao conjunto - um futuro para a arte que é prenhe de passado e, sem qualquer paradoxo, pós-futurismo. A tinta comparece por meio de seus icônicos carimbos desenvolvidos para retratar a vida no sertão da Bahia (série Carimbó, 2007).

  • Sinais de Cansaço (2020)

    Sinais de Cansaço (2020)

    Sinais de Cansaço (2021), originalmente modelada em argila e fundida em alumínio, retrata um menino sentado que aparenta sintomas de exaustão: a cabeça apoiada no próprio ombro, o braço direito desajeitado, estendido rente ao corpo, terminando em uma mão também apoiada, mas contorcida, deixando a palma direita voltada para cima, num gesto desconfortável que faz pensar no corpo desabado de alguém que labutou de sol a sol e caiu em sono profundo antes de poder se deitar para descansar. Sinais de Cansaço representa os “fardos” que a pandemia trouxe, desde assumir todos os cuidados  com a casa até cuidar diligentemente de si e do outro. O corpo desaba de cansaço, mas a expressão do rosto denota a serenidade do dever cumprido. Assim como a mão estendida, mesmo que desajeitada, simboliza uma oferenda, que o artista estende ao mundo em um momento que urge muitos e muitos cuidados.

  • Olhar encarcerado, Óculos (2008)

    Olhar Encarcerado (2008), também inédita, que provoca o entendimento sobre a visão. Trata-se de um par de óculos gigante em que a “lente” são cabos de aço que não permitem o acesso ao outro lado, somente esse olhar fragmentado que acusa a dificuldade de enxergar. A peça exige um deslocamento do corpo para ser apreendida e mimetiza simbolicamente o impedimento de se deslocar, a impossibilidade de olhar, a limitação de viajar para ver o mundo. Para Marepe, a obra ganhou novos sentidos com a pandemia, daí a decisão de incluí-la na exposição, como um contraponto à tela A Festa, que trata também das novas formas de olhar da atualidade.

  • Fita amarela (c. 2010)

    Fita amarela (c. 2010)

    "Quando eu morrer, não quero choro nem vela
    Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
    Se existe alma, se há outra encarnação
    Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão

    Não quero flores nem coroa com espinho
    Eu quero choro de flauta, violão e cavaquinho
    Quando eu morrer, não quero choro nem vela
    Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
    Estou contente, consolado por saber
    Que as morenas tão formosas a terra um dia há de comer

    Não tenho herdeiros, não possuo um só vintém
    Eu vivi devendo a todos mas não paguei ninguém
    Quando eu morrer, não quero choro nem vela
    Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
    Meus inimigos que hoje falam mal de mim
    Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim "

    Noel Rosa

  • Sem título (2020)

    Marepe cria as suas colagens como constrói as suas assemblages (leia-se que parte significativa de sua obra escultórica é pensada como colagem tridimensional): recolhendo e selecionando fragmentos do mundo para edificar novas narrativas sobre o mundo. Valer-se das partes como matéria-prima para narrar o todo tem algo da tautologia dadaísta para atestar a irracionalidade da civilização. O artista tem séries bastante distintas entre si de colagens. Neste grupo, Sem Título (2020), que constitui uma sequência de trabalhos anteriores, Marepe flerta com o surrealismo ao fazer o observador estranhar e, por isso, rever elementos e imagens que pareciam familiares ou corriqueiros, mas não são.

  • Embutido XIII, da série Arquitetura Aérea (2019)

    Embutido XIII, da série Arquitetura Aérea (2019)

    A série dos Embutidos, de Marepe, começou em 1999 e conheceu desdobramentos complexos desde então. O Embutido Recôncavo - Recôncavo Embutido (2003), por exemplo, foi apresentado na Bienal de Veneza do ano de sua produção. O artista afirma, em declaração de 2012, que a obra de 1999 foi um marco em sua trajetória porque, "na virada do século, as preocupações sobre o destino do Brasil faziam parte de minhas ansiedades. Meus estudos sobre Hélio Oiticica me estimulavam a criar algo que falasse sobre a moradia, tendo como referência as favelas brasileiras e todos os improvisos para se morar. De lá pra cá o Brasil mudou muito e as ansiedades são outras para o país, mas considero que este trabalho ainda é atual. Havia um desejo que esta ideia de casa fosse popular e que seu desenho original pudesse ser reproduzido, estando a disposição para quem desejasse construir". Seguiram-se o Embutidinho, versão miniaturizada do Recôncavo Embutido, como se fora sua maquete, o Embutido Sanfona (2013) e os Embutidos da série Arquitetura Aérea, iniciados em 2016, entre outros. Esta série faz referência à arquitetura por meio do uso de métodos construtivos de gaiolas e referências à arte concreta brasileira. As arquiteturas embutidas, objetos vazios que tocam na questão da liberdade e da natureza, constituem uma espécie de utopia aerodinâmica de projetos de casas suspensas.

  • Conexões protetoras (2020)

    As tubulações não são um material sem precedentes na obra de Marepe, que já utilizou canos e tubos em trabalhos anteriores, em geral como uma alusão ao universo da domesticidade. Conexões Protetoras (2021) tem um formato que remete ao de uma estrutura habitável, como se fosse o esqueleto arquitetônico de um abrigo improvisado. O artista investiga desde o início de sua trajetória aspectos do urbanismo vernacular, da série Embutidos, em que propunha a utopia de uma casa portátil, até o grupo de obras que leva o nome de Edifícios, feitas a partir do empilhamento de utensílios domésticos de plástico nas cores disponíveis daquele determinado item na fabricação em larga escala. O jogo de escala é a chave para entender estes últimos, pois o que Marepe propõe com os Edifícios é o oposto da utopia dos seus Embutidos: devolver à escala monumental (de um prédio, por exemplo, mas em proporções mais próximas da maquete do prédio) os pequenos recipientes de plástico utilizados para acondicionar ou facilitar as coisas comezinhas da vida cotidiana (fôrma de gelo, saboneteira, escorredor de louça, assento de bebê, potes, vasos, brinquedos de praia, comedouro para pets e porta-trecos em geral) que inundam o mundo distópico do capitalismo avançado. Obra de maturidade, Conexões Protetoras se projeta para além da dicotomia dos trabalhos utópicos e dos distópicos, porque nele Marepe simplifica a edificação, assim como o seu conteúdo, que se resume a uma cadeira de inox sobre a qual repousa um globo de vidro, evocando a proteção das ações e posturas pautadas na solidariedade.

  • SOS à mulher (2017)

    SOS à mulher (2017)

    O Brasil registrou 105.821 denúncias de violência contra a mulher no ano passado. Os números que já eram alarmantes aumentaram ainda mais durante a pandemia. Um problema real e de difícil solução. A instalação SOS à Mulher é um projeto de um edifício-monumento que, se construído, seria uma instituição dedicada à mulher, onde as mesmas pudessem discutir e se organizar, servindo também de refúgio. E receberiam do Estado e de profissionais competentes a devida providência para cada caso. Um lugar onde a utopia da não-violência virasse realidade, que as futuras gerações tivessem como consciência e referência no Brasil e no mundo.

  • Marepe, Auto-retrato, c. 2012

    Marepe

    Auto-retrato, c. 2012

    Marepe (Marcos Reis Peixoto) nasceu na cidade de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, em 1970. Situada a leste da Baia de Todos os Santos, conecta o sertão ao mar, tornando-se importante eixo por onde passam as mais diversas mercadorias, de materiais de construção a alimentos. A partir desse vai-e-vem de objetos e pessoas, além da própria história familiar, o artista extrai e elabora suas obras. No processo, Marepe se vale de procedimentos recorrentes da arte contemporânea como o acúmulo e a retirada de objetos de suas funções cotidianas. No entanto, suas obras sugerem dimensões especulativas, alterando a escala, a forma e significado de materiais encontrados ali, para daí criar peças oníricas.

     

    Marepe já teve exposições individuais no MAM-SP, Centre Georges Pompidou, Paris e na Tate Modern, ​Londres. Seu trabalho também foi apresentado na Bienal de São Paulo (2004), Bienal de Veneza (2003), Bienal do Mercosul (1999), assim como exposições coletivas em museus importantes como o Museo Reina Sofia, Madri, Espanha.

     

    Algumas das coleções​ das quais seu trabalho faz parte incluem​: Tate Collection, ​Inglaterra; Ellipse Foundation, Portugal; CACI Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brasil; MAM-SP Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; MoMA The Museum of Modern Art​, ​​EUA.

  • playlist

    O trabalho de Marepe adquire uma complexa sobreposição de referências e significados no uso de materiais prontos e objetos do cotidiano.'Em um momento de homogeneização cultural global suas obras carregam uma forma excepcional de autenticidade falando das particularidades culturais únicas do lugar que ele chama de lar-Bahia, propondo um argumento que é globalmente compreensível. A atração de suas obras está em sua natureza exótica que fala com a fusão de culturas da qual ele é testemunha.' (Excerto do texto 'Canibalização do dia-a-dia' por Jens Hoffman)​.​