Armazém de mim: Galeria Luisa Strina
“Em um momento de homogeneização cultural global suas obras carregam uma forma excepcional de autenticidade falando das particularidades culturais únicas do lugar que ele chama de lar-Bahia, propondo um argumento que é globalmente compreensível. A atração de suas obras está em sua natureza exótica que fala com a fusão de culturas da qual ele é testemunha.”
(Excerto do texto ‘Canibalização do dia-a-dia’ por Jens Hoffman)
Galeria Luisa Strina tem o prazer de anunciar a quarta exposição individual do artista Marepe.
O trabalho de Marepe adquire uma complexa sobreposição de referências e significados no uso de materiais prontos e objetos do cotidiano.
Venho desenvolvendo um trabalho a partir de encontros com esses objetos: às vezes por laço afetivo, às vezes por existirem desde a minha infância. A memória é a estrutura de tudo. Outros objetos me lançam o desafio de transformá-los simplesmente pela própria forma ou pela cor. A cor neste momento, aliás, tem uma grande importância para mim.
…e como ela está presente nos objetos industrializados!
Objetos que em seu contexto original não despertam nenhum interesse além do que eles são em sua funcionalidade. Afastá-los sua função original e transformá-los é o que me instiga. Vê-los esteticamente deslocados para um mundo totalmente diverso e dá-los a oportunidade de serem vistos, como se fossem pela primeira vez admirados.
O artista vê a exposição como se fosse música ouvida em alto volume. Como se letra, melodia e todos os instrumentos pudessem ser sentidos por todos.
…e o sentido dos objetos apresentados responderem todas as indagações e desejos de ambas as partes: artista e público.
Uma pitada de surrealismo e outra de existencialismo criam uma atmosfera concreta e sintética de todas as experiências vividas no ambiente de trabalho do artista. Experimentar sem peso, sem medo de se arriscar preservando os pés no chão. Sim, no chão onde vivo meu dia a dia, trazendo essa experiência sensorial para o público. Esse laboratório do invisível, notícias do que vivi e do que senti.
A exposição é esse labirinto meio DADÁ, meio Magrittiano, meio Duchampiano. Enfim, desse híbrido popular brasileiro, desse caleidoscópio armazenado no momento dentro de mim.