Codex: Pedro Reyes
Luisa Strina tem o prazer de apresentar a quarta exposição do artista mexicano Pedro Reyes com a galeria, expandindo sua prática numa mostra que inclui não só sua excepcional escultura, mas também um novo conjunto de pinturas sobre papel Amate.
Em Codex, Reyes foi influenciado por seu ambiente imediato no bairro de Coyoacán, no sul da Cidade do México, onde elementos pré-colombianos, coloniais e modernos se misturam numa paisagem cultural que assimilou símbolos mexicanos e europeus.
Coyoacán é cercada por vulcões que entraram em erupção em diferentes momentos da história, levando à formação de El Pedregal, que já foi utilizada como pedreira. Reyes gosta de utilizar pedras vulcânicas — em particular a tezontle vermelha —, como se vê em Cë Coatl, um totem vertical representando a alegoria abstrata de uma cobra, coroada por um guizo e voltada para baixo, numa série de elementos geométricos que lembram as geometrias abstratas presentes na arte moderna.
Entalhada em pedra chiluca, Ángel retrata uma figura alada, uma obra na qual o artista incluiu referências introduzidas em nosso continente com a chegada da iconografia cristã há 500 anos, e que ainda são presentes na arte das Américas.
Em Yollotl — entalhada em basalto negro—, Reyes criou um mastro coroado por um coração, uma imagem retirada de monastérios do século XVI na qual a textura da rocha esculpida traz uma forte sensação de materialidade.
Outro entalhe em jadeíta — uma belíssima pedra verde da Guatemala bastante apreciada pelos maias — apresenta uma forma abstrata, ainda vagamente antropomórfica, que evoca as silhuetas de deusas ancestrais. Mandorla faz referência à auréola amendoada que aparece com frequência nas pinturas de Madonnas e em outras representações ancestrais da fertilidade.
Além das obras escultóricas, Codex inclui um conjunto de pinturas sobre papel amate, material produzido com a mesma técnica por artesãos em San Pablito Pahuatlán, em Puebla, desde os tempos pré-colombianos. O papel era empregado nos códices pintados pelos tlacuilos — nome dado aos artistas e que significa tanto pintor quanto escritor —, nos quais registravam-se relatos por meio de pictogramas que representam diferentes conceitos. Um desses símbolos pode ser encontrado em Huei Calli, onde o ícone que representa a casa é repetido três vezes, num arranjo geométrico vertical que remete à arte concreta do século 20 e ao estilo mexica.
Cempohualli, que significa vinte na língua náuatle, é representado aqui na forma de duas letras X sobrepostas, num sincretismo entre numerais latinos e náuatles. Em Eclipse, o artista mostra uma progressão gradual de cor e forma numa composição matemática. As pinturas mostram ousadia e presença em escala arquitetônica à distância e revelam texturas profundas quando observadas de perto.