Fernanda Gomes

Apresentação

No dia 4 de junho, Fernanda Gomes inaugura sua  exposição individual na Luisa Strina, marcando 30 anos da primeira exposição da artista na galeria, que a representa desde 1990. A mostra acontece, ainda, no ano do 50º aniversário da galeria. Esta é a primeira exposição de Fernanda Gomes na cidade de São Paulo desde sua grande panorâmica na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2019. 

 

As primeiras anotações da artista para a presente mostra aparecem no final desse mesmo ano, quando já desenhava a visão de um conjunto. Para Fernanda Gomes, a exposição é um momento que concentra pensamentos e visões que vão se construindo lentamente: “Sempre percebi minhas exposições em sequência. Avanço minhas investigações fazendo exposições. Tirar de casa as coisas, reconfigurar essas coisas no espaço maleável de uma galeria, é ainda um dos exercícios mais radicais, difíceis e divertidos que posso imaginar. 

 

A ideia de continuidade é central na obra de Fernanda Gomes. Fazer uma nova exposição implica recolher mentalmente obras esquecidas, ou criar novas obras a partir do caos de obras interrompidas. Trata-se, portanto, de uma ideia de acúmulo de uma prática diária e incessante, gerando um repertório ao mesmo tempo vasto e extremamente preciso que informa cada nova criação. 

 

Podemos enxergar a obra de Fernanda Gomes como um sistema aberto, que envolve um alto grau de improvisação e liberdade aliados a um rigor intuitivo. Suas exposições incluem pinturas e esculturas que formam conjuntos únicos, apresentados em situações espaciais definidas. Dessa forma, cada obra acaba sendo condicionada à posição de elemento em relação a todos os outros, como também ao espaço e à luz. Seu processo de trabalho em uma exposição é análogo, em suas próprias palavras, a “montar um quebra-cabeças sem forma pré-definida”. Essa metodologia exige que a artista conviva com as obras no espaço durante várias semanas experimentando diferentes configurações até chegar ao resultado final.

 

Segundo Fernanda Gomes, a luz é um dado fundamental, por ser o que permite que a visão aconteça, desenhando as coisas para o nosso olhar. Para esta exposição, a artista revestiu o teto da galeria com papel translúcido para criar uma iluminação difusa e equilibrada. Ao privilegiar a percepção direta das coisas a artista busca proporcionar um encontro mais livre entre observador e obra, numa procura por uma experiência que seja equivalente ao olhar algo pela primeira vez. Segundo ela, “A arte tem esta capacidade mágica de fazer ver certas coisas. Às vezes basta uma mudança mínima de perspectiva para revelar outros mundos, outros mistérios.

 

Respondendo à pergunta “O que é uma exposição?”, Fernanda escreve:

 

Tento responder a esta pergunta quase ridícula com ações, mais do que com palavras. Cada exposição que tenho feito, muitas, em tantos anos, têm esta questão como base. Fazer uma exposição é o maior desafio da minha produção. Envolve paixão e obstinação, autoconfiança crítica, e uma revisão de tudo que vivi, tudo o que fiz desde o início, em arte e brinquedos. Inclui até processos vitais básicos como alimentação, sono, movimento, consumo de substâncias ou sua abstinência. É uma entrega amorosa, existencial, total. Sempre me pergunto porque faço assim, especialmente quando estou exausta. A resposta vem melhor quando me lembro que é aí que tenho vivido algumas das alegrias mais perfeitas e intensas, e ainda mais surpreendente, que consigo produzir eu mesma, em completa solidão.

 

Tento também responder à fatídica pergunta com palavras - escritas! - para tentar apreender algo que só mentalmente pode se tornar mais acessível. Uma exposição é um conjunto flexível de elementos autônomos. Uma exposição é um momento concentrado, materialização de tempos diversos neste instante, que breve desaparecerá. É a possibilidade de abrir visões para outros mundos. Retribuir o tanto que recebi, confiando que posso transmitir algo. Recuperar um pouco do muito que se está perdendo neste momento terrível que vivemos. Enfim, uma exposição é um ato  de amor e um fio de esperança.

Installation Views
Obras
  • Fernanda Gomes Sem título [Untitled], 2024 madeira, tecido, tinta [wood, fabric, paint] 20 x 20 x 2 cm [7 7/8 x 7 7/8 x 3/4 in] ft [ph]: Pat Kilgore
    Fernanda Gomes
    Sem título [Untitled], 2024
    madeira, tecido, tinta
    [wood, fabric, paint]
    20 x 20 x 2 cm
    [7 7/8 x 7 7/8 x 3/4 in]
    ft [ph]: Pat Kilgore
  • Fernanda Gomes Sem título [Untitled], 2024 madeira, tinta [wood, paint] 51 x 42 x 30 cm [20 1/8 x 16 1/2 x 11 3/4 in] ft [ph]: Pat Kilgore
    Fernanda Gomes
    Sem título [Untitled], 2024
    madeira, tinta
    [wood, paint]
    51 x 42 x 30 cm
    [20 1/8 x 16 1/2 x 11 3/4 in]
    ft [ph]: Pat Kilgore
  • Fernanda Gomes Sem título [Untitled], 2024 58 x 58 cm [22 7/8 x 22 7/8 in] ft [ph]: Pat Kilgore
    Fernanda Gomes
    Sem título [Untitled], 2024
    58 x 58 cm
    [22 7/8 x 22 7/8 in]
    ft [ph]: Pat Kilgore
  • Fernanda Gomes Sem título [Untitled], 2024 madeira, tinta branca. tecido [wood, white paint, fabric] 19 x 30 x 30 cm [7 1/2 x 11 3/4 x 11 3/4 in] ft [ph]: Pat Kilgore
    Fernanda Gomes
    Sem título [Untitled], 2024
    madeira, tinta branca. tecido
    [wood, white paint, fabric]
    19 x 30 x 30 cm
    [7 1/2 x 11 3/4 x 11 3/4 in]
    ft [ph]: Pat Kilgore
  • Fernanda Gomes Sem título [Untitled], 2024 madeira [wood] 230 x 180 x 178 cm [90 1/2 x 70 7/8 x 70 1/8 in] ft [ph]: Pat Kilgore
    Fernanda Gomes
    Sem título [Untitled], 2024
    madeira
    [wood]
    230 x 180 x 178 cm
    [90 1/2 x 70 7/8 x 70 1/8 in]
    ft [ph]: Pat Kilgore
  • Fernanda Gomes Sem título [Untitled], 2024 madeira, tinta [wood, paint] 70 x 57 x 42 cm 27 1/2 x 22 1/2 x 16 1/2 in foto [photo]: Pat Kilgore
    Fernanda Gomes
    Sem título [Untitled], 2024
    madeira, tinta
    [wood, paint]
    70 x 57 x 42 cm
    27 1/2 x 22 1/2 x 16 1/2 in
    foto [photo]: Pat Kilgore