Sem chão: Galeria Luisa Strina
MARINA SALEME A Galeria Luisa Strina apresenta, do dia 02 de março até 02 de abril de 2004, exposição individual da artista Marina Saleme. “Sem-chão” reúne seis pinturas inéditas, em óleo sobre tela e em grandes formatos.
As cores provenientes das diversas camadas de tintas utilizadas pela artista, formam paisagens artificiais, sem horizonte, que indicam a instabilidade e a fragilidade da natureza e dos seres humanos, assim como das suas relações. “Na verdade, a paisagem, para a artista, nunca foi paisagem e, sim, construção de espaço, de um espaço onde se pode estar: espaço real, não uma representação”, escreve Juliana Monachesi para o catálogo da exposição “Continentes”, que aconteceu de setembro a outubro de 2003 no Paço das Artes e cujo catálogo deverá ser lançado na abertura desta exposição, com texto de Angélica de Moraes e entrevista com Vitória Daniela Bousso.
Nas pinturas recentes, um céu de peso insustentável, que parece querer verter sobre o espectador, é suportado por uma malha de linhas que buscam um equilíbrio para construir o espaço entre o céu e o chão, tecendo um aparato de sustentações, interligações, relações. Tal estrutura já aparece no trabalho de Marina Saleme desde os “tabuleiros”, ou “tramados”, onde pessoas, peões ou gotas, pairam sobre um plano de eixos e coordenadas, indagando sobre o lugar que podem ocupar no mundo. Marina Saleme vem trabalhando há anos com a idéia de “contenção/vazamento” e da fragilidade de sustentação do ser humano (as “poças”, “gotas” “chuvas”, bem como na série de 24 fotos, “Os Portantes”, exibidas na exposição do Paço das Artes). As obras desta exposição indicam o peso do céu como o infinito, o desconhecido sobre nós.
“Marina faz uma pintura que (raridade absoluta!) exercita o pleno domínio técnico sem cair no preciosismo vazio que, atualmente e especialmente em São Paulo, costuma derivar da obediência cega à velha e superada maçonaria do formalismo greenberguiano. (Também) por isso a obra de Marina é vigorosa e afirmativa em um meio atualmente tão anêmico. Ela afirma, na prática do seu ateliê, que a pintura está mais viva do que nunca. De quebra, dá um recado: a pintura só está viva para os pintores que se assumem vivos e não meros executores de receitas consagradas”, define Angélica de Moraes, para o catálogo a ser lançado.