Sem título: Galeria Luisa Strina
JORGE MACCHI A Galeria Luisa Strina apresenta, do dia 05 até 28 de agosto de 2003, exposição individual do artista plástico argentino Jorge Macchi (40). A exposição reúne trabalhos em papel, fotografias e livros-objeto.
Inspirado pela cidade e seu imaginário, por sua violência, suas contradições e seus conflitos, Jorge Macchi mescla os tipos e cria um universo onde se confrontam permanentemente as noções de azar, de coincidência e de destino. A partir de um material urbano ou de um produto das mídias (jornais, publicidade), o artista produz imagens das múltiplas facetas que funcionam como condensadores emocionais de dramas, tanto anônimos como pessoais. Diante de suas obras, o espectador entra no papel de detetive ou de testemunha, pois se sente impulsionado a estabelecer relações e a formular hipóteses a partir de fragmentos de texto ou de estranhas associações de imagens.
“Há alguns anos guardo uma notícia que recortei de um jornal londrino: ‘Bebê morre debaixo de babá bêbada’. Ao que parece a babá havia bebido demais e havia se deitado sobre o sofá sem perceber que o bebê do qual cuidava estava também ali (pergunto-me: quem, senão os envolvidos na tragédia e eu mesmo, se lembra desta história?). Não importa agora o que houve com esta história. Cito-a aqui porque há nela dois aspectos que geralmente atraem minha atenção: o acidente e o desejo. Um faz alusão à história em si e o outro ao que ocorre com esta história depois de ser lida no jornal. (…) A notoriedade da história é efêmera: a notícia é esquecida no instante seguinte, quando o leitor vira a página. (…) Fecha-se rapidamente o círculo ‘conhecimento, terror e esquecimento’.
Não posso explicar aqui porque dirijo minha atenção em direção a isto que erroneamente é deixado de lado (…) Vendo com certa distância, não há tanta diferença entre este tipo de desejo e as chapas ou madeiras que recolhia da rua e com as quais construía objetos dez anos atrás. Talvez sejam resíduos pertencentes a diferentes categorias (…) Pergunto-me se o trabalho sobre este desejo não será uma forma primitiva e degenerada da fotografia; de fato ambos pretendem deter ou atrasar a deterioração e o desaparecimento.” (Jorge Macchi para catálogo da exposição El final Del Eclipse, Fundación Telefónica, Madri, Setembro 2001).