Fundo Falso: Galeria Luisa Strina

Overview

MARCIUS GALAN A Galeria Luisa Strina apresenta, do dia 13 de abril até 07 de maio de 2004, exposição individual do artista plástico Marcius Galan.

“Fundo falso”, série que recebe o mesmo título da mostra, consiste em caixas de madeira fechadas, com a fotografia de seu próprio interior fixada em uma de suas faces, criando a ilusão de um espaço vazio. O título da série põe em dúvida tanto a ilusão de tridimensionalidade criada pela fotografia, quanto o conteúdo dos objetos.

O artista apresenta também trabalhos da série “Backlight”, que partem do mesmo princípio dos anteriores, sendo que nesta as fotografias reproduzem o interior de caixas de luz com lâmpadas queimadas, que não cumprem mais sua função e são descartadas. Cria-se um questionamento aos sistemas funcionais, na medida em que a operação de informação relacionada a esses objetos é omitida ou obstruída.

Na série de serigrafias intitulada “Abstrações burocráticas”, o artista utiliza o desenho geométrico de notas fiscais, duplicatas, etc. Estas obras fazem um comentário sobre a circulação de capital em diferentes circuitos e a estética formalista do sistema burocrático, onde o arranjo regular de linhas e formas, que visa facilitar a leitura da informação, mascara uma série de relações tortuosas.

Há ainda a instalação “Extensão” no andar superior. É um circuito elétrico que sai da tomada e passa por uma montanha criada pelo próprio fio, acendendo uma lâmpada. A energia se perde ao longo do percurso, baixando a freqüência da lâmpada, que é a única fonte de luz da sala.

“Há nessas obras um comentário político aguçado sobre a situação social no Brasil atual. (…) … o foco aqui é no aspecto precário dessas operações, onde a preocupação com as aparências é mais importante do que a resolução efetiva de problemas. Por trás do verniz de perfeição dos trabalhos expostos se escondem sistemas absolutamente falhos, inoperantes”, escreve Cristiana Mazzucchelli para o catálogo a ser lançado nesta que é primeira exposição individual do artista na galeria.

No trabalho de Galan, minimalismo e Pop Art se confundem e são infiltrados por algo mais: por trás da aparente circunspeção e rigidez formais, uma ironia sutil, discreta, é colocada como um dado a mais nesses sistemas de representação “prontos” fazendo com que eles se abram para todo um conjunto de novas relações, para além de questões intrínsecas ao mundo da arte. Nossos olhares, treinados a enxergar o que já conhecemos – a ‘reconhecer’ – surpreendem-se ao se dar conta que uma caixa vazia não é apenas uma caixa vazia, que a estrutura interna do luminoso é na verdade o que ele promove. O apelo direto da publicidade e seu sistema de comunicação é colocado em cheque.

Marcius Galan nasceu em 1972. Participou da exposição “A Nova Geometria”, na Galeria Fortes Vilaça (São Paulo – 2003). Recebeu a Bolsa FAAP / Cité Internationale des Arts (Paris – 2003). Participou da exposição “Marrom”, na Galeria Vermelho (São Paulo – 2002), da “Temporada de Projetos”, no Paço das Artes (São Paulo – 2000), do “Rumos Visuais”, do Itaú Cultural (São Paulo – 2000) e do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (São Paulo – 1999).

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