Azul Maia: Galeria Luisa Strina
Galeria Luisa Strina tem o prazer de anunciar Azul Maia, exposição individual de Clarissa Tossin. Aberta de 8 de novembro até 22 de dezembro de 2018, a exposição é a terceira individual de Tossin, seguindo Transplantado (VW Brasília) em 2014 e Gasto em 2011.
A mostra conta com trabalhos inéditos das séries Os Maias e Encontro das Águas, além do vídeo Ch’u Mayaa [Azul Maia]. Os Maias explora (re)apropriação, (má)representação e (má)tradução em uma série de esculturas baseadas no The Mayan Theatre em Los Angeles – exemplo prototípico do estilo arquitetônico moderno conhecido como Mayan Revival dos anos 1920 e 1930 nas Américas, que co-optou arquitetura e iconografia das culturas mesoamericanas pré-colombianas. Impressões em silicone das paredes e portas do interior do cinema são combinadas com gestos figurativos emprestados de outras imagens maias, particularmente a de performers que adornam vasos de cerâmica e murais. Usando materiais sintéticos que fazem referência a cosmologia maia, como imitação de pelo de jaguar, pena de quetzal, pele de cobra e gesso tingido no lugar de cerâmica, a série de esculturas explora a qualidade performática das antigas construções maia realçando o conteúdo falso das imagens impressas no silicone.
Já os trabalhos da série Encontro das Águas tomam seu nome da confluência dos rios Negro e Solimões no porto da cidade de Manaus – por quase seis quilômetros as águas pretas e bege correm paralelas umas às outras, mas não se misturam. O Porto de Manaus serve como outro tipo de ponto de confluência: o de capital estrangeiro e tradições locais. Centro do boom da borracha no Brasil no século XIX, a cidade tornou-se uma zona de comércio livre em 1957 como alternativa para combater a estagnação econômica sofrida após o declínio da economia extrativista da borracha. Hoje, Manaus abriga um parque industrial com fábricas de empresas como Apple, Coca-Cola e Honda. Tossin explora o impacto da industrialização e da cultura material dos grupos indígenas da região criando réplicas em cerâmica de objetos manufaturados na região como garrafas de Coca-Cola, pneus de motocicletas, iPhones, e outros artigos eletrônicos. A artista também usa tiras de caixas da Amazon.com para fazer cestas que referem ao patrimônio da tecelagem Baniwa. Ao combinar materiais e usos de objetos tradicionais e modernos, Tossin nos convida a pensar no impacto da globalização. A indústria estrangeira revitalizou a região, mas somente depois de fali-la no passado; a indústria traz dinheiro, mas também polui a paisagem e desconsidera a cultura local, transformando Manaus em um dos milhares de centros de produção em todo o mundo que alimentam nosso crescente apetite por mais.
Finalmente, o vídeo Ch’u Mayaa responde à influência negligenciada da arquitetura maia na Hollyhock House de Frank Lloyd Wright. A construção é tomada como um templo e impregnada com uma coreografia baseada em gestos e posturas encontradas em objetos arqueológicos maia. Através dos movimentos da performer, a casa é reivindicada como pertencente à linhagem arquitetônica mesoamericana pré-colombiana.