A complexidade do processo de criação de Thiago Honório materializa-se em uma produção marcada por uma variedade de influências, temporalidades distintas entre si, numa mescla de movimentos artísticos, autores e múltiplas áreas do conhecimento. Sua produção toma forma por meio de um planejamento minucioso – sendo muitas vezes executado mediante projetos de apurado grau de detalhamento –, resultando em obras onde o imprevisível cede espaço a um refinado apuro matérico. 

 

Assim como na montagem fílmica, o artista também faz uso do artifício da justaposição de elementos aparentemente díspares e que resultam em trabalhos com uma aparente harmonia: como um padrão abstrato constituído de numerosas lixas gastas; o fac-símile do livro Pau Brasil, de Oswald de Andrade, perpassado por uma estaca de madeira de espécie homônima ao título; ou um cubo de espelhos contendo uma cabeça de roca oitocentista no seu topo. Os materiais dispostos pelo artista não apenas compõem a materialidade das obras, mas também sua textualidade, situando-as em um contexto em que a autenticidade reside na capacidade de articular e rearranjar referências e matérias existentes. 

 

O artista realizou individuais na Luisa Strina em 2017 e em 2023. Em 2017, com a exposição Solo, em que deu continuidade à sua investigação no campo do uso de imagens de roca processionais barrocas, assim como pela mescla junto a elementos da construção vernacular. Oração, ocorrida em 2023, explorou a relação entre a arquitetura da galeria e a percepção do espectador, transmutando o espaço expositivo em um texto vivo — uma oração —, onde múltiplas obras ecoaram entre intervalos e silêncios. 

 

Honório tem Bacharelado em Artes Plásticas pela UNESP (2000), e mestrado e doutorado em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2006/2011). Além disso, participou do Programa Independente da Escola São Paulo – PIESP, entre os anos  de 2013 e 2014.

 

Dentre suas exposições individuais, enfatizam-se: Leituras, Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo (2024); Texto, Capela do Morumbi, São Paulo (2023); Oração, Luisa Strina, São Paulo (2023); Revestíbulo, Fundação Calouste Gulbenkian / AiR 351, Cascais, Portugal (2021); roçabarroca, Projeto parede, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo (2020); Luzia, CAMPO AIR, Pueblo Garzón, Uruguai (2019); Marcador, Estación Garzon, Pueblo Garzón, Uruguai (2019); The Red Studio, International Studio & Curatorial Program, Nova York, EUA (2018); Solo, Luisa Strina, São Paulo (2017); Trabalho, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo (2016); Títulos, Paço das Artes, São Paulo (2015); Voilà (artista convidado da 44a Anual de Arte), Museu de Arte Brasileira – Faap, São Paulo (2012); Suite de variations, Cité Internationale des Arts, Paris, França (2012); Corte, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro (2011); Exposição, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2011); Corte, Galeria Virgilio, São Paulo (2010); Exposição, Galeria Virgilio, São Paulo (2007); Saltando de banda, 10,20 X 3,60, São Paulo (2003); Thiago Honório, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, (2001).

 

Dentre as mostras coletivas que o artista integrou ao longo das mais de duas décadas de produção, destacam-se: Histórias brasileiras, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo (2022); O Colecionador, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo (2022); Narrativas em processo: Livros de artistas na Coleção Itaú Cultural, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2019); Living Room, International Studio & Curatorial Program, Nova York, EUA (2019); Luto Tropical, PASTO Galeria, Buenos Aires, Argentina (2019); MISS READ, Haus der Kulturen der Welt, Berlin, Alemanha (2018); Imagens do Aleijadinho, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo (2018); Livres et revues d’artistes: une perspective brésilienne, Cabinet du livre d’artiste, Université Rennes, Rennes, França (2017); Frestas Trienal, SESC Sorocaba, Sorocaba (2017); Entre nós – A figura humana no acervo do MASP, Centro Cultural Banco do Brasil, Belo Horizonte (2017); Boate Azul (em colaboração com Pedro Vieira, 6ª Bolsa Pampulha), Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2016); Encontro de mundos, Museu de Arte do Rio, Rio Janeiro (2014); Convite à viagem – Rumos Artes Visuais 2012/2013, Itaú Cultural, São Paulo (2012); Open Studio – 14 solo shows en une seule nuit, Cité Internationale des Arts, Paris, França (2012); Nova Escultura Brasileira, Caixa Cultural, Rio de Janeiro (2011); Realidades imprecisas, SESC Pinheiros, São Paulo (2009); MAM [na] OCA, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo (2006); Fotografia e escultura no acervo do MAM (1995- 2004), Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo (2005); 8a Bienal de Santos, Santos (2002); Mostra SESC de Artes Ares e Pensares, SESC Belenzinho, São Paulo (2002); 5º Prêmio Revelação Artes Plásticas, Museu de Arte Contemporânea, Americana (2002); Coletiva do Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo, São Paulo (2001).

 

A obra de Honório está presente em coleções de instituições como 

Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Kadist Art Foundation, São Francisco, EUA, e Paris, França; Museo de Arte Contemporáneo Atchugarry – MACA, Manantiales, Uruguai; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Brasileira – MAB/FAAP, São Paulo, Brasil; Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna, São Paulo, Brasil; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil; New York Public Library, Nova York, EUA; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.