Caetano de Almeida
N. 1964, Campinas, Brasil
Vive e trabalha em São Paulo, Brasil
Loggia, 2024
acrílica sobre madeira
[acrylic on wood]
[acrylic on wood]
145 x 194 x 5 cm
57 1/8 x 76 3/8 x 2 in
57 1/8 x 76 3/8 x 2 in
21854
© artista [the artist]
Em Loggia (2024), utilizando caixas de feira de madeira e tinta rosa neon, Caetano apresenta uma sátira renascentista: a loggia, tradicional espaço arquitetônico coberto e vazado, que serve como transição entre interior e exterior, com seus marcantes eixos verticais das colunatas, aparece reinterpretada como uma palafita improvisada. Golpes desalinhados talham a madeira bruta, contrastando com o artificialíssimo rosa neon que colore seus versos. A agilidade e a rusticidade das caixas de feira enfrentam o capricho arquitetônico das arcadas renascentistas, enquanto o chamativo rosa neon ilumina seus corredores sóbrios e modulares. Por estarem no verso das faces frontais, esses corpos cromáticos não são diretamente visíveis, mas atuam como objetos reflexivos, aproximando-se de uma fonte de luz ativa. É esse “quase” que fascina Caetano: o quase modular, o quase volumétrico, o quase ordenado, a quase atividade de um objeto passivo. O apreço pela ambiguidade, aqui sintetizada pelos comportamentos luminosos a partir do reflexo do plano pintado, encontra similar atravessamento histórico nas Atmosferas cromoplásticas do argentino Luis Tomasello (1915-2014), expoente da arte cinética latino-americana.
--------
In Loggia (2024), using wooden market crates and neon pink paint, De Almeida delivers a Renaissance satire. The loggia—a traditional architectural space, covered yet open, transitioning between interior and exterior with its distinctive vertical colonnades—is reimagined as an improvised stilted structure. Rough, uneven cuts carve into raw wood, contrasting sharply with the highly artificial neon pink that colors the inner surfaces. The rustic agility of the market crates clashes with the architectural caprice of Renaissance arcades, while the striking neon pink casts an unexpected light onto their sober, modular corridors. The neon paint, hidden on the reverse side of the crates' frontal planes, is not directly visible but acts as a reflective element, approximating an active light source. This "almost" quality captivates De Almeida: the almost modular, the almost volumetric, the almost ordered, the almost activity of a passive object. This fondness for ambiguity, epitomized by the luminous behaviors emerging from the painted reflections, echoes a historical dialogue with the Chromoplastic Atmospheres of Argentine artist Luis Tomasello (1915–2014), a key figure in Latin American kinetic art.